Crédito da Foto: See Read Cook |
O caiçara tradicional
sempre utilizou em sua alimentação todos os recursos que estão a sua disposição
na natureza ao seu redor. Fruto da capacidade de adaptação humana, da
necessidade de sobrevivência e a observação apurada da natureza.
Em um relacionamento
constante e cumulativo com a natureza os caiçaras desenvolveram um acervo de
técnicas, hábitos e costumes que permitiu, ao longo dos séculos, entender os
segredos, ritmos e detalhes do espaço exuberante entre mata atlântica e o mar onde
habitam.
Um dos bons exemplos
desta capacidade do caiçara em se adaptar, observar a natureza e usar seus
recursos é o fato dele ter acrescentado a sua dieta o inusitado siri mole.
O "Tar" do
Siri Mole
Como todo crustáceo, o
siri é coberto por uma carapaça rígida (o exoesqueleto) que precisa ser trocada
de tempos em tempos para que ele possa crescer. Este processo é conhecido como
muda (ecdise) que dura entre 10 e 20 dias e ocorre geralmente entre o outono e
a primavera.
A muda começa com o
siri aumentando bastante sua alimentação para acumular reservas para passar por
este processo. Depois o siri começa a absorver água e inchar aumentando o
volume do seu corpo até romper sua carapaça. Ao sair de sua antiga carapaça ele
a come reaproveitando seus nutrientes para a formação da nova carapaça.
Enquanto a nova
carapaça não endurece o siri fica com o corpo coberto apenas com uma película
que é à base de sua nova carapaça, um tipo de pele, frágil e macia. Daí o nome
siri mole.
Recebi um e-mail do André
Theiss, diretor da empresa Blueshell Brasil que desde 2010 produz o Siri Mole
em cativeiro em Santa Catarina, que colaborando com o Cozinha Tradicional
Caiçara, me informou que o endurecimento da nova carapaça do siri tem início
imediatamente após a troca da casca e que o melhor siri mole é aquele colhido
em 2 ou 3 horas após o início deste processo.
Pergunte sobre o siri
mole naquela peixaria de sua confiança, onde talvez você precise encomendá-los.
Outra forma de encontrar o Siri Mole é buscando criadores do siri em
cativeiro:
- Entre em contato com a Blueshell Brasil de Santa Catarina e fale com o amigo André Theiss através do e-mail: blueshell@terra.com.br ou pelo telefone (47) 3035-1077. Visite também a Blueshell no Facebook.
- Na Ilha Comprida/SP existe uma Unidade Experimental de Processamento de Siri Mole no Balneário Viaréggio. Não sei se já está produzindo em escala comercial, mas vale a pena conferir.
Seguem duas receitas
de Siri Mole... Delicie-se!
RECEITAS
1. SIRI MOLE À DORÊ
Facilzinha | 30
minutos | 6 porções
INGREDIENTES
1 dúzia de siris
moles
1 dente de alho
amassado
1 limão galego
Tempero verde a gosto: cebolinha,
salsinha, coentro de folha larga e alfavaca
Sal a gosto
Farinha de trigo e
fubá para empanar
Óleo para fritar
Você Vai Precisar
Uma vasilha para
temperar
Uma vasilha para
empanar
Uma frigideira funda
Um pegador ou
escumadeira
Um escorredor
coberto com papel absorvente
PREPARO
Lave os siris e tempere-os com limão,
alho, sal e a maior parte dos temperos verdes, guardando um pouco para
polvilhar nos siris depois de prontos. Deixe-os
descansar por uns 10 minutos nesse tempero.
Faça uma mistura ½ a ½ de farinha de
trigo e fubá. Passe os siris um a um nessa mistura farinha de trigo e reserve.
Dica 1: Antes de empanar os siris passe-os por aquele caldinho do fundo da
vasilha em que você os deixou no tempero para que eles fiquem bem úmidos e
segurem bem a mistura de farinhas.
Dica 2: Você pode passar os siris em um ovo batido e depois na mistura de
farinha de trigo e fubá para conseguir uma casquinha mais crocante e
resistente.
Em uma frigideira com bastante óleo
quente frite até dourar os dois lados. Preste atenção para não deixar queimar e
coloque-os em um escorredor com papel absorvente.
Servir quente com arroz branco e uma
salada verde bacana.
2. MOQUECA DE SIRI
MOLE
Fácil Demais | 30
minutos | 8 Porções
INGREDIENTES
12 siris, moles e graúdos
2 cebolas, grandes picadinhas
4
tomates, grandes, maduros e firmes picadinhos
1 molho
grande de alfavaca picadinha
Suco de
2 limões galegos grandes
Azeite
de oliva o quanto baste
Sal e
aquela sua pimentinha a gosto
Invente
Aí – Você pode acrescentar um tanto de camarões para
incrementar a moqueca lembrando que o ator principal é o siri mole.
Você
Vai Precisar
Uma
escovinha para limpar
Uma
panela para aferventar
Uma
vasilha para temperar
Uma
panela de barro (aquelas do Jairê)
Sobre as Panelas de
Barro do Jairê
Localizado a
aproximadamente 27 km do centro da cidade de Iguape/SP, o Bairro do Jairê
concentra a técnica da confecção de panelas pretas, originárias da cultura
indígena.
As panelas, bem como
gamelas e potes, são feitas a base de argila pelas mãos habilidosas de artesãs
como as da mestra Benedita Dias. Durante a queima são tingidas
com casca de Nhacatirão ou Jacatirão, uma árvore nativa de Mata Atlântica e ganham
a cor preta característica.
PREPARO
Ferva
os siris até que fiquem bem vermelhos. Tempere-os com sal e metade do suco de
limão, e reserve.
Unte
uma panela, de preferência de barro, com um pouco de azeite de oliva. No fundo
da panela arrume as cebolas, os tomates e a alfavaca picadinha.
Coloque
os siris na panela. Regue com a outra metade do suco de limão temperado com uma
colher de chá cheia de sal e dê uma fervura em fogo forte.
Abaixe
o fogo e cozinhe por 30 minutos. Dê uma perfumada com aquela sua pimentinha e
sirva com arroz branco e uma boa farinha artesanal.
Divirta-se!
Fabio Pimentel (Via Facebook) - Próxima expedição a Juréia vc cozinha, nada de comida de Preá.
ResponderExcluirPatricia Buzzo (Via Facebook) - Tudo bem! e espero que continue a desenvolver receitas maravilhosas.....acredita que nunca tinha ouvido falar de siri mole...nem parece que morou na praia, né? kkkkkkk
ResponderExcluirJá estava atrasado. Vou pegar a panela...
ResponderExcluirGrande Dadau cozinheiro que eu só conheço na teoria , nem vou comentar sua "dívida" de fazer um jantar p/ nossas famílias p/ não ficar chato kkkkk, abçs em todos tudo de bom
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkk Renatão dívida é dívida... também não esqueci da Paella prometida... vamos combinar e resolver esta maravilhosa pendência de uma vez... você traz o vinho?
ExcluirPróxima expedição a Juréia,vc cozinha,nada de comida de preá.
ResponderExcluirLobão até hoje não gosto tanto de amêndoas, uva passas, castanha do pará, etc... Mas aquele rango que eu fazia a noite era bom... Tô loco prá ir por lá mais uma vez... Simbora?
ExcluirClaro
ExcluirClaro!
ExcluirOlá nesse último domingo dia 22/07/2012 fui até o bairro do Jairê (aventura aquela estrada hein!) ver as tais panelas de barro, infelizmente os moradores disseram que não tinha mais ninguém que fazia panelas. Vc tem o contato da Dona Benedita? Obrigada
ResponderExcluirOlá Patrícia,
ExcluirQue pena. As panelas ainda são feitas no Jairê e no Baicô. A produção está reduzida, mas algumas alunas da Dona Benedita ainda estão fazendo as panelas com esmero. Você poderá encontrar as panelas de barro aqui:
Grupo: Iguart
Iguape - Vale do Ribeira - SP
Contato: Maria Euzamar / Cecília
Fone: (13) 3841-4659 / 3841-5214
Abração
Faltou informar que Dona Benedita aprendeu a técnica de confecção das panelas pretas, ainda adolescente, com 17 anos, com sua sogra Tereza Ricardo da Silva. A tradição de confeccionar as panelas pretas na família de dona Tereza, atravessou quatro gerações e veio de sua avó. Dona Benedita morou no bairro do Jairê em Iguape até 2007, assim como ela, mais oito senhoras foram treinadas por dona Tereza e produziam as panelas, porém, hoje todas estão falecidas. Alguns descendentes dessas senhoras aprenderam as técnicas, mas não tiveram interesse em continuar a tradição.
ExcluirCom o falecimento do marido, falta de apoio e às dificuldades para vender as peças, dona Benedita acabou mudando-se para a cidade de Juquiá há cinco anos. Neste meio tempo só voltou quatro vezes a Iguape para ensinar pequenos grupos de artesãs com o apoio do SEBRAE da Prefeitura. O endereço que passei é deste grupo.