sexta-feira, 22 de junho de 2012

Camarão com Chuchu, um Clássico Caseiro do Litoral


Crédito da Foto: Blog "Um Pouco de Tudo" de Monica Vogt
O Camarão com Chuchu

Mesmo o chuchu sendo originário da América Central, o camarão com chuchu é um prato brasileiro, típico e bastante difundido por todo nosso litoral. Não é muito fácil precisar a origem do delicioso e reconfortante camarão com chuchu.  Talvez não seja de origem caiçara, mas acabou se transformando em um dos pratos tradicionais das comunidades e cidades do nosso litoral. É difícil encontrar algum caiçara que ao ouvir falar do camarão com chuchu não solte um “- Huumm!”

Segundo Câmara Cascudo, historiador, antropólogo, advogado e jornalista que se dedicou ao estudo da cultura brasileira, o ensopado de camarão já era consumido no centro do Rio de Janeiro no fim do século XIX, com influência dos guisados da cozinha portuguesa. Nesta versão da origem do prato, a inclusão do chuchu é creditada aos cozinheiros da Confeitaria Colombo, onde o camarão ensopadinho com chuchu já constava nos cardápios de 1894. 

Câmara Cascudo (na lente de Carlos Lyra) e Carmen Miranda
A iguaria aparece também na letra da música “Disseram que eu voltei americanizada”, sucesso cantado por Carmem Miranda (1909 –1955). Na música a pequena notável afirma que depois da língua, o vínculo com a comida é o mais resistente quando se está longe da pátria. No samba ela encerra o recado dizendo: - “Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu”.

Jovelina Pérola Negra, uma das grandes damas do samba, também cantou o saboroso camarão com chuchu. Com música e letra de Nei Lopes, a canção fala sobre vontade de fazer um camarão com chuchu e a decepção com preço do camarão: -“Fiquei na intenção, camarão tá caro prá chuchu”.

  
Chuchu Beleza

Assim como o tomate, o chuchu é considerado um fruto, pois possui sementes internas envolvidas pela parte comestível. É um alimento com alto teor de fibras, de fácil digestão e pouquíssimas calorias. Possui também potássio, vitamina A e vitamina C. Os brotos de chuchu são ricos em nutrientes como as vitaminas C e B, e também são excelentes fontes de cálcio, fósforo e ferro.

Crédito da Foto: Zoi di Gato

RECEITA

Fácilzão | 8 Porções | Uns 40 minutos

INGREDIENTES

1kg de camarões médios ou sete barbas;
1kg de chuchu;
1 cebola grande ralada;
4 tomates maduros;
1 xícara de coentro de folha larga e alfavaca picadinhas em partes iguais;
3 colheres de sopa de óleo ou azeite de oliva;
½ pimenta dedo de moça, sem sementes, picada;
Sal a gosto.

Você Vai Precisar
Vasilhas
Panela com tampa

PREPARO

Lave os camarões, descasque-os, tempere-os com sal e reserve.

Descasque e corte os chuchus em cubos e reserve.

Numa panela em fogo médio aqueça o azeite e refogue a cebola picada até que fique transparente. Acrescente os tomates, os temperos verdes e a pimenta picada misturando e refogando essa base.

Crédito da FotoBlog "Um Pouco de Tudo" de Monica Vogt 
Junte o chuchu em cubos e refogue por uns 2 minutos misturando tudo. Acerte o sal e deixe cozinhando em fogo baixo por uns 15 minutos e vá acrescentando água aos poucos.

Dica: Se você já está acostumado com os tempos de cozimento do camarão e do chuchu, acrescente o chuchu logo após o camarão e cozinhe os dois juntos. Isso dará mais sabor ao prato. Se você ainda não está familiarizado com estes tempos, refogue primeiro o camarão permitindo que ele libere seus sucos e sabor, por 3 ou 4 minutos, retire-os da panela, acrescente o chuchu e cozinhe-o. Depois acrescente o camarão reservado e termine o cozimento do ensopado.

Acrescente o os camarões, misture tudo, acerte o sal e continue cozinhando em fogo baixo o mínimo necessário para que os camarões soltem seu sabor enriquecendo o ensopado e fiquem cozidos.

Vá verificando a quantidade de caldo do cozimento para secar demais o ensopado e acrescente mais água se achar necessário. Alguns preferem um ensopado mais seco, enquanto outros o preferem mais úmido. Faça o que preferir. Eu gosto de bem úmido.

Sirva com arroz branco, acompanhado de uma boa farinha artesanal ou uma farofinha de alho e manteiga, e aquela sua pimentinha.

Deleite-se!!

5 comentários:

  1. Esse é 10 ! Mariazinha era especialista nisso... Pelo Bonje !!!!... Recomendo acompanhar um vinho verde portugues, frisante e extremamente gelado...

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  2. Minha mãe adorava camarão com chuchu... juro que vou fazer1 bjs

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  3. Suruquei neste blog quase sem querer...
    Muito bom.
    Moro em um pais que se considera muito desenvolvido mas que na verdade, perpetua uma série de preconceitos típicos de colonizadores imperialistas europeus. Cada vez que se tem que preencher uma ficha ou formulário por qualquer motivo, seja antes de uma consulta medica ou de um pedido de financiamento, sempre vem a mesma questão: “Qual a sua “ethinicity”?” O que eles querem dizer é: qual a sua raça! Mas são muito politicamente corretos para apresentar por escrito e formalmente uma pergunta como esta... É sempre uma questão de múltipla escolha, e lendo as respostas fica ainda mais claro a ignorância do povo pois entre elas, encontram-se nacionalidades. Explico melhor: Normalmente as escolhas são: branco europeu, polinésio, indígena nativo, italiano ???!!!!! hehe há também as escolhas “outro” e “prefiro não dizer”.
    Pois bem, depois de vários anos me deparando com essa questão infeliz fiz uma pequena pesquisa sobre o conceito de “ethinicity” e descobri que a definição mais aceita é a de um grupo de pessoas com características culturais comuns entre elas uma das mais importante e a culinária!
    Bingo!
    ...

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  4. ...

    Era isso que eu precisava.
    Agora nem titubeio mais. Toda vez que tenho que responder essa questão faço um “x” no “outra” e grafo orgulhosamente: CAIÇARA! com c cedilha e tudo! hehehe Fico só imaginando as pessoas que processam os questionários correndo para o google ou wikipedia para saber do que se trata e vendo o pessoal passando o jerivá ao som do zé pereira! heheheh ou comendo uma tainha ou peixe azul marinho ao som do fandango ou ainda saboreando o soberbo camarão com chuchu regado à velha e boa cangibrina sassafraz!
    Se tiverem sorte acharão pérolas da perspicácia e eficiência caiçara em poéticas previsões meteorológicas como: céu pedrento, chuva e vento... Se pesquisarem um pouquinho mais acharão incríveis estórias sobre a fé inabalável desse povo como aquela do pagador de promessas que prometeu ao Bom Jesus de Iguape que desmontaria de seu cavalo e iria de joelhos ate o altar assim que avistasse a torre da igreja e escolheu para a jornada seu velho chapéu de aba larga, fez a viajem de léguas cuidadosamente olhando pro chão pro seu cavalo não surucar...heeh ou tocantes casos de lealdade canina como a do matuto que desfaleceu depois de tomar todas e seu leal vira-latas se aconchegou nele para passar a noite...
    A essa altura da pesquisa com certeza já terão encontrado referências à característica festiva, brincalhona e ao jeito “moleque” deste povo. como a estória do cara que saiu no carnaval com uma fantasia te chuveiro/box e após mamar todas se encostou na parede da igreja, fechou a cortina e dormiu por ali mesmo ou dos bravos “carregadores” do boi que sorvem cangibrina de mangueira e vez por outra “desabam” - o boi passa e tá lá o cara estendido no chão! Alguém sempre mais que rapidamente entra dentro do boi para substitui-lo. Sobre o boi, ha uma idiossincrasia: para os desavisados ou turistas desinformados, o povo só canta “é o boi, tum tum tum” mas na verdade trata-se de um ritmo muito elaborado e com uma cadência sutilmente sincopada, difícil de entender sua complexidade sem tomar uma sassafraz...
    Com sorte não encontrarão referencias ao obsceno “há jacu no pau” que reza a lenda foi criado por um grupo de libertinos em uma orgia com as cambacicas locais e completamente intoxicados pela inebriante e mardita sassafraz”
    Tomara que encontrem referencias ao saudoso senhor célebre por seus discursos aos romeiros do topo de um banco da praça...ou ao patriarca que possuía técnica incrível para comer caranguejo: colocava na boca com casca e tudo, dava umas mordidas, umas mastigadas e sabe-se lá como, separava a carne da casca dentro da boca cuspindo os “farelinhos” de casca..
    Há também os trágicos eventos como o do escaler de navio que teve final dramático na traiçoeira barra, ou aquela do cara que tava bem ferrado sendo levado de ambulância quando esta capotou e ele ficou ferrado e meio, ou a do cara que quase morreu afogado numa poça d'água depois de quase uma garrafa inteira de gin.

    Quem sabe ate encontrem referências à notória estória de Jordão...

    Nostalgia... Saudade...


    Mudando de assunto e voltando ao tópico do blog, não sem antes desculpar-me pela sofrível prosódia e outros erros crassos porventura contidos nas divagações e tergiversações acima... mas, em minha defesa, digo que ando meio enferrujado pela falta de uso do português...

    Rapaz, cêis não fazem ideia o trabalho que me deu, e a quantidade de gente que eu tive que mobilizar para me ajudar a achar o famigerado chuchu quando cismei de fazer um camarão com chuchu por aqui.
    O cara que achou que chuchu era abundante e inventou a célebre “da mais que chuchu na serra” com certeza nunca surucou num buraco por essas bandas...

    Assinado “Bacharel de Pariquera Mirin”

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    Respostas
    1. Bacharel de Pariquera Mirin... KKKKKKK Muito bom!!!

      SEU TEXTO MARAVILHOSO!!... SEU ESPÍRITO FANTÁSTICO!!... DEMAIS!!

      Sei que você é um grande amigo que não só esteve por perto, como também participou de algumas das histórias, as quais conheço tanto o desenrolar, como as personagens. O figura da garrafa de gim, então?! Intimamente!

      O questionamento da tal ethinicity e principalmente grafar CAIÇARA com Ç e tudo imaginando os caras correndo para o google e vendo o pessoal passando o jerivá ao som do Zé Pereira, foi indicativo. A cadência sutilmente sincopada do boi, abriu portas. O obsceno há jacu no pau, iluminou. Mas ainda podem ser algumas pessoas. Não, não... a notória estória de Jordão foi reveladora.

      Descobri-lo! É um desafio pelo qual devo muito lhe agradecer amigo Bacharel! Esse “esforço” natural, querido e nem um pouco trabalhoso, de pensar no estilo, nas conexões e tudo mais, me levou, entre outras coisas, a lembrar de tantas histórias boas, de tantos momentos simples e particularmente especiais, de tantas pessoas estimadas - grupo no qual, mesmo sem sabê-lo, nele lhe incluo – que “suruco” neste momento em um sentimento genuíno de gratidão por sua iniciativa, por engenhosamente manter-se anônimo sob um pseudônimo familiar e intrigante, por seu zelo, tempo e trabalho, elementos que em conjunto caprichosamente me revelam e me orgulham de também fazer parte de seu grupo de pessoas estimadas.

      Sabe Bacharel, como diz minha mãe: Isso é o que nos vale!

      Pelo que vejo você também tem orgulho de ser Caiçara, sendo assim talvez você possa me responder duas perguntas: Se você fosse tomar uma gelada no Boqueirão em Santos tomaria em qual saudosa adega? As pessoas que moram em grandes centros urbanos são urbanóides?

      Grande abraço amigo!

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