segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Esse Nosso Oceano...

Uma homenagem a meus avós Antonio e Orlinda; a meus pais Dito Veiga e Tarsilla; a minhas irmãs; a meus tios Celso Veiga, Mingo, Zulmirinha, Maneco, Dito Lula, Ernesto, Donga, Nitinho e Nesi; a meus primos Antoninho, Minguinho, Magno, Zé Rubens, Cláudia, Tchelo e mais uma grande duma turma; a Genésio, Amâncio, Gregório, Hilário, Rosalino e tantos outros caiçaras, como eu, que amaram e amam o mar...

Tarsilla e Dito, meus pais...
O Oceano sempre alí, ao alcance das mãos, dos olhos e do coração... 
Os homens sempre viram nos mares e oceanos um paradoxo da natureza. Fonte de vida e ao mesmo tempo uma terrível força destruidora, os mares e oceanos são simultaneamente uma barreira e um caminho, separando e unindo a humanidade. Muitos cantaram sua beleza e também manifestaram espanto ante a fúria de suas investidas ou o mistério de suas profundezas. O mar nos encanta, nos inspira, mexe com os nossos mais profundos sentimentos.


Este mundo de águas que cobre dois terços do planeta nos gera uma curiosidade quase genética, um impulso apaixonado que nos move em direção a superação de nossos próprios limites para a exploração de seus mistérios. À medida que se amplia a consciência que o homem tem de seu próprio mundo e do universo, fica mais clara a noção de que o mar não apenas fornece muitos meios para nosso sustento, como também assegura nossa própria existência.

O que chamamos de vida surgiu no mar, foi aí que se originou a matéria prima básica de todos os seres vivos há alguns bilhões de anos, porém, de que maneira o mar produziu vida não sabemos dizer com precisão. Em suas águas aquecidas, vagamente iluminadas, as condições desconhecidas de temperatura, de pressão e de salinidade devem ter se constituído nos elementos críticos para a criação da vida a partir de elementos sem vida.


De algum modo o mar produziu algo que nem os alquimistas, com seus cadinhos, nem os cientistas com seus mais modernos equipamentos e seus mais elevados conhecimentos conseguiram obter, moléculas complexas de aminoácidos que tiveram a habilidade de se reproduzir e principiar o fluxo infindável da vida.

A vida, como a conhecemos, existe apenas dentro de uma faixa estreita de temperaturas. Embora alguns seres consigam sobreviver nas regiões mais geladas da Terra, e apesar de existirem organismos simples vivendo confortavelmente nas águas muito quentes das fontes termais e das “chaminés”, fissuras e fendas de vulcões submarinos, os limites de temperatura que a matéria viva suporta coincidem com os limites de temperatura dentro dos quais a água existe em estado líquido.


Isto não chega a ser uma surpresa, pois todos os seres vivos não apenas usam água, mas também são em grande parte constituídos de água. Setenta por cento do corpo humano é constituído de água, 1/3 da qual se encontra no sangue e nos outros fluídos do organismo, e 2/3 dentro de nossas células. Além disso, a composição química do sangue humano é muito próxima à da água do mar. No sangue se encontram todos os elementos presentes no mar, embora em proporções diferentes.

É o mar que preside todo o sistema natural que constitui o meio ambiente do homem e também é ele, mais do que qualquer outra característica física do nosso planeta, que dá lhe singularidade. Se em algum ponto do espaço um astrônomo extraterrestre se dispusesse a estudar nosso sistema solar, provavelmente chamaria de Oceano nosso planeta e não de Terra. O que mais o impressionaria, distinguindo-o dos demais satélites do Sol, seria a vasta e brilhante camada de água que cobre permanentemente dois terços do globo. Nenhum outro mundo ao alcance de nossa visão e de nossos mais sofisticados equipamentos possui um oceano semelhante.

Créditos da Imagem: Google Earth

Nosso planeta, contudo, apresenta-se quase inteiramente submerso. Apenas 29% de toda a crosta terrestre se eleva acima dos grandes oceanos que escondem todo o restante da superfície sob uma camada líquida cuja espessura média chega a 3.900 metros. Quatro vezes e meia a altitude média dos continentes. O hemisfério norte é constituído por 50% de água e o hemisfério sul por 90%. Estas águas são os oceanos Índico, Ártico, Antártico, Atlântico e Pacífico. Divisão apenas teórica, educativa, já estes oceanos estão unidos e a água circula livremente por eles tornando os continentes, meras ilhas em um vasto oceano.


97% da água do planeta está nos oceanos. Se todas as massas sólidas – continentes, ilhas e montanhas - pudessem ser arrancadas de seus fundamentos, deslocariam somente 1/18 do volume total de água das bacias oceânicas. E, se todas as irregularidades da crosta terrestre pudessem ser aplainadas, transformando o planeta em uma esfera lisa, os mares e oceanos submergiriam completamente o globo em uma camada de água com aproximadamente 2.600 metros de profundidade.

Todas as águas que correm sobre a terra firme originaram-se do mar e dele provêm diariamente. As grandes bacias oceânicas do planeta contêm cerca de 1.200 milhões de quilômetros cúbicos de água salgada. A evaporação retira anualmente 320 mil quilômetros cúbicos desse grande reservatório. Esse volume de água retorna sob a forma de chuvas que alimentam os rios e terminam por desaguar novamente no mar. Mais de 100 mil quilômetros cúbicos de chuva caem anualmente sobre os continentes, reabastecendo de água doce os lagos, rios e fontes dos quais dependem todos os animais e plantas existentes sobre a Terra.


Podemos dizer que o futuro da humanidade está no mar, com seus imensos recursos ainda basicamente inexplorados e em grande parte desconhecidos. Sem sombra de dúvida os oceanos ajudarão a decidir se nosso planeta continuará ou não habitável.

Ao lado do grandioso desafio que representa o desenvolvimento racional e sustentável da exploração dos recursos dos mares e oceanos, surge a necessidade urgente de impedir que a devastação ecológica disseminada pela moderna sociedade industrial atinja irremediavelmente os oceanos. Já degradamos o meio ambiente de baías, estuários, manguezais, golfos, e grandes regiões costeiras, impossibilitando que a vida se manifeste com toda sua intensidade e diversidade natural.


No momento em que nos voltamos para o oceano como fonte de vida, e não simplesmente de recursos, poder e aventura, o homem é obrigado a conhecer melhor esta imensidão de águas e a assumir seu dever de preservá-lo de si mesmo, para não ser destruído junto com ele. Mesmo com todos nossos conhecimentos, com todos nossos instrumentos e com toda nossa tecnologia, ninguém é capaz de dizer que algum dia chegaremos a esclarecer todos os últimos mistérios do oceano.


Os ventos que sopram sobre a Terra foram embalados na ampla extensão dos oceanos e buscam sempre para lá retornar. Os continentes se dissolvem e ao oceano se juntam, grão a grão de terra erodida. As chuvas do oceano se erguem e voltam de novo para ele na forma de rios. A vida teve nele suas vagas origens e talvez a ele retorne após várias transmutações. O oceano, como o eterno fluir do tempo, talvez seja de um só modo o começo e o fim...


Inspirado no Livro, "O Mar Que Nos Cerca" de Rachel L. Carson

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